Morte no hotel
Lanchas reforçam fiscalização da pesca predatória em Icapuí
Presente em Fortaleza para o 5º Curso de Aperfeiçoamento em Ouvidoria Pública, o coordenador de operações e fiscalização nacional do Ibama, Roberto Cabral, emitiu parecer sobre a fiscalização popular: “fiscalização é ação de Estado. Particular não pode assumir pra si a fiscalização. Se a gente fizer isso, está ultrajando o estado de direito, o estado democrático”.
Segundo o chefe de fiscalização do Ibama no Ceará, Rolfran Cacho Ribeiro, a fiscalização ilegal dificulta a ação do Instituto, porque abre prerrogativa a represália pessoal - como ocorrido em março e julho deste ano. (JB)
Combate a queimadas ganha reforço
“O Ibama este ano inovou. Nós tínhamos no Ceará as duas brigadas do (Instituto) Chico Mendes, que são federais. Contratamos e equipamos mais quatro, para combater os incêndios florestais”, explica o coordenador de operações e fiscalização do Ibama no Ceará, Ronfran Cacho Ribeiro. As ações serão coordenadas pelo Prevfogo, programa do Ibama de formação de brigadas de incêndio que já formou mais de duas mil pessoas em prevenção de queimadas no Ceará.
A medida vem em auxílio à situação de emergência ambiental decretada no Ceará e em outros 14 estados, além do Distrito Federal pelo Ministério do Meio Ambiente. O decreto de 6 de setembro se deu em resposta ao aumento de incêndios florestais no segundo semestre do ano. Conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde o início do ano até o dia 22 de setembro, foram identificados 255 focos do incêndio no Ceará.
Na região Centro-Sul do Estado, nove pessoas, responsáveis juntas por mais de mil hectares de queimadas, já foram autuadas. As multas variam de R$ 300 a R$ 1.000 por hectare incendiado e os autuados em flagrante também respondem a processo penal na Justiça por crime ambiental.
Conforme o chefe de escritório do Ibama em Iguatu, Fábio Bandeira, responsável pela fiscalização diária que acontece na região Centro-Sul, os caçadores são apontados como grandes causadores de queimadas.
Foi o caso da queimada no Município de Cariús, a 430 quilômetros da Capital. Dia 17 de setembro, três caçadores fizeram um pequeno fogo à noite, enquanto esperam os cachorros identificarem a caça na mata. No dia seguinte, terminada a caçada, as altas temperaturas do dia transformaram a fogueira abandonada em incêndio.
O resultado são quinhentos hectares de mata queimada. “Nós conseguimos identificar os caçadores no dia seguinte e autuamos”, esclarece Fábio Bandeira - responsável pela fiscalização de 23 municípios da região Centro Sul e de parte dos Inhamuns.
Os cidadãos
No açude
Os irmãos Carlos Eduardo, 10, e Carlos Daniel da Silva, 6, gostam de atravessar o açude de Quixeramobim de barco. “Muita gente vem pescar ou só passear de barco. O açude é sempre cheio”, diz Carlos Eduardo. Os dois têm mais cinco irmãos e são filhos de agricultores. O açude foi construído pelo Dnocs numa área de 4.608 hectares.
Rebanhos mantidos com mandacaru
Criadores de gado de Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Tauá, Quiterianópolis e Independência, na Região dos Inhamuns, estão mantendo seus rebanhos com ração à base do mandacaru e do xique-xique (plantas nativas da caatinga que sustentam os rebanhos nos períodos de seca). Os pequenos açudes e outros reservatórios estão pouca água e muitos têm de percorrer quilômetros para conseguir água.
Um deles é o agricultor João Pedro Feitosa que mora em Carrapateiras, em Tauá. “A situação está complicada. O gado não tem mais pasto e nem água suficientes. Estamos mandando os animais para sítios de familiares ou amigos em outras cidades. É triste ver os animais morrendo”, declara. Ele enviou 500 animais para a fazenda de um irmão em Floriano, no Piauí.
Em Assaré, na região do Cariri, João Nunes, morador do sítio Bezerra dos Maciel, plantou roçados de feijão, milho e fava para o sustento da família, mas perdeu tudo. “No ano passado, nessa época, o meu armazém estava cheio de grãos. Se não fosse o dinheiro da aposentadoria estava passando fome”, calcula. Como ele, outros pequenos produtores rurais de Assaré dizem que perderam 90% do que plantaram este ano.
“A água não dá nem pra lavar a roupa direito porque a gente tem de economizar”, reclama Rosa Pereira, 84, que mora no Sítio Macambira, em Antonina do Norte, também na Região do Cariri. Ela diz que há muito tempo não passava por tantas necessidades devido à estiagem.
(Colaborou Amaury Alencar).
Seca
Pouca ajuda dos açudes
Este ano só sangraram cinco dos 133 açudes do Ceará. No ano passado deles 117 sangraram e o acúmulo foi de 96,13% do total dos reservatórios. Hoje, estão com 64,8% da capacidade - mas pouco minimizam prejuízos da escassez
Os açudes de médios e grande porte do Estado ainda acumulam boa quantidade de água devido as intensas chuvas do ano passado. Porém, nos distritos e sítios distantes desses reservatórios, as pessoas sofrem com a escassez e dependem apenas do abastecimento por carros-pipa. É o caso dos moradores de municípios da Região do Cariri como Antonina do Norte, Salitre e Araripe. Em Antonina do Norte, cerca de 300 pessoas que vivem na zona rural foram pedir ao prefeito Edson Afonso Carvalho, água e alimentos, esta semana. São agricultores que perderam as safras por causa da estiagem.
O prefeito Edson Afonso disse que a situação em várias localidades do município é preocupante. “A maioria das barragens na zona rural está seca e o município conta apenas com um carro-pipa”. Ele diz que vai solicitar mais veículos à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil.
A agricultora Maria Alaide Pereira, que reside no sítio Várzea Nova, em Antonina do Norte, confirma a escassez de água. “O carro-pipa passa uma vez por semana e a água é insuficiente para abastecer as casas”. Em Salitre e Araripe as pessoas compram água de carroceiros.
A bacia do Salgado (14 açudes administrados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos) se encontra com 57,01% de sua capacidade que é de 448.698.527 metros cúbicos de água. No ano passado alcançou a marca dos 90,99% desse total. Os açudes abastecem o Cariri e, no momento, o açude Quixabinha, em Mauriti, é o que apresenta um índice mais baixo - 19% de sua capacidade: 31.780.000 metros cúbicos de água. O mais cheio é o açude Prazeres, em Barro. Acumula 73,13% do total de suas águas que é de 32.500.000 m3.
Dos 133 açudes monitorados pela Cogerh só cinco sangraram este ano: Tijuquinha (Baturité), Colina (Quiterianópolis), Quixeramobim (Quixeramobim), Riacho do Sangue (Solonópole) e Jatobá (Milhã). Em 2009, 117 sangraram e o Ceará bateu recorde no armazenamento de água nos açudes. Chegou a 96,13% da capacidade total que é de 17,8 bilhões de metros cúbicos de água. Este ano, os açudes estão com 64,76%, um bom volume, segundo técnicos da Cogerh. O centenário açude do Cedro, em Quixadá, no Sertão Central, é o que apresenta um dos menores volumes de água: 28,34% da sua capacidade - 126.000.000 de metros cúbicos de água. Em Quixeramobim, o açude com o mesmo nome é o que apresenta o maior volume: 91,11% de sua capacidade- 54.000.000de m3 de água.
E-Mais
O Ceará enfrenta a pior seca dos últimos 12 anos. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), só a estiagem de 1998 foi pior do que a de 2010.
Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário estão sendo desenvolvidas ações de convivência com o semiárido. Este ano, 10.148,85 hectares de práticas estão sendo executadas no Estado como os quintais produtivos e sistemas agroflorestais, entre outras iniciativas.
No programa Quintais Produtivos são distribuídas mudas de plantas frutíferas e as pessoas plantam em casa. São mudas de laranja, limão, acerola e manga, por exemplo. Os sistemas agroflorestais são formas de uso da terra na qual se combinam espécies arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais.
Até o fim de 2011, 100 mil cisternas de placas serão instaladas em todo o Ceará. Vão ser investidos R$ 145 milhões.
Baleia da espécie Jubarte é encontrada em Paracuru
Morta há vários dias, a Jubarte encalhou no Litoral Oeste do Estado, onde o corpo espera remoção
Mais uma baleia da espécie Jubarte foi encontrada morta no litoral cearense ontem pela manhã, no município de Paracuru, distante 87 quilômetros de Fortaleza. O animal, é um macho medindo 13,5 metros de comprimento e com um peso estimado em 30 toneladas.
Segundo os policiais da PMTur local, ela já estava morta quando chegou à praia tendo encalhado durante a noite de segunda para terça-feira. O corpo em avançado estado de decomposição indica que a morte aconteceu há vários dias.
De acordo com o soldado Alves, da PMTur, a baleia foi encontrada pelo patrulhamento matinal da orla marítima, por volta das 8h30, no extremo da praia de Paracuru, quase na divisa com a Taíba, na localidade de Piriquara, na barra do Rio Silpé. Avistamos a baleia logo cedo e parecia que tinha morrido devido a alguma doença", disse o PM. "Não é comum vermos esse tipo de animal morto, as ocorrências mais frequentes são de tartarugas, em um ano de patrulhamento aqui é o primeiro caso que eu vi", esclarece Alves.
O técnico da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistema Aquáticos (Aquasis), Joaci Araújo, explicou que é muito difícil estabelecer a causa da morte do animal. "Pode ter várias motivos, desde atropelamento por grandes embarcações em alto mar, doenças, velhice ou outras causas naturais", completa. Segundo o pesquisador, a proibição da caça das baleias nos anos 1980 fez com que a população desses mamíferos voltasse a crescer. "Mesmo assim, as Jubartes estão na lista de animais em extinção", ressalta Araújo.
Um dos maiores riscos que correm a essas gigantescas baleias é de entrar em rota de colisão com os navios de grande porte, já que elas naturalmente nadam em alto mar. Quando escapam de todos os perigos, há casos de morte desses mamíferos por envelhecimento. Segundo os especialistas da Aquasis, a expectativa de vida desses animais é de 60 anos.
Os soldados da PMTur que encontraram o animal logo de manhã, observaram que estava faltando um pedaço do crânio, o que pode significar que a baleia tenha se chocado com uma embarcação de grande porte ou ter sido atingida pela hélice do motor de um navio. Porém os pesquisadores acreditam que devido ao fungo encontrado em uma das nadadeiras do enorme cetáceo, a morte se deveu a alguma doença viral ou bacteriana.
De acordo com as informações fornecidas pelo técnico da Aquasis, Joaci Araujo, a remoção do corpo da baleia teria que ser imediata, devido ao adiantado estado de putrefação. "Havia o risco de contaminação daquele trecho da praia", alerta o pesquisador da Associação.
São necessárias duas retroescavadeiras para remoção e enterro do animal, mas até o fechamento da edição, esse serviço ainda não havia sido providenciado, segundo Araújo.
Fonte: Diário do Nordeste
Em Maranguape, mãe confessa que matou o próprio filho recém-nascido
Ela disse que ouviu vozes que a mandaram se livrar da criança. O bebê chegou a ser retirado com vida da cacimba, mas morreu segundos depois
Girlane Paula de Souza, de 20 anos, confessou que matou o filho, de 19 dias de nascido, no distrito de Itapebussu, em Maranguape. O bebê foi encontrado dentro da cacimba que fica na residência da acusada. Ela disse aos policiais que estava ouvindo vozes, ordenando a ela que se livrasse da criança.
Durante o depoimento, prestado na Divisão de Homicídios, Girlene disse ainda que não lembrava de nada. Contou apenas que deixou de ouvir as vozes, depois de jogar o filho na cacimba. O recém-nascido chegou a ser retirado com vida da cacimba, mas morreu segundos depois.
Regina Lopes, avó materna do bebê, disse que ao sair de casa para trabalhar, o neto tinha sido alimentado. Ela chegou a ouvir o choro da criança, mas achou que não era nada demais. Pouco tempo depois, recebeu a notícia da tragédia.
Fonte: Jangadeiro Online
Sobral terá curso de Gestão Arquivística de Documentos
A Associação dos Bibliotecários do Ceará, em parceria com a Universidade Estadual Vale do Acaraú e o Conselho Regional de Biblioteconomia, realizam, nos dias 24 e 25 de setembro, o curso Gestão Arquivística de Documentos, voltado para profissionais e estudantes interessados em conhecer a metodologia arquivística para a gestão de documentos.
As aulas acontecem no Campus da Betânia (UVA) nos horários de 8h às 12h e de 14h às 18h, e serão ministradas pela professora Rita de Cássia Esteves, especialista em Administração da Qualidade pela Universidade Federal do Ceará.
Informações e inscrições:
ABC (Fortaleza) - (085)3244.0357 / (085)8789.7797
Biblioteca Central da UVA (Sobral) – 3677.4243
Eventus & Cia - (88) 3611.6514
Fonte: Sobral em Revista
Canoa Quebrada
Só mais uma desculpa para ir a Canoa …
Como se já não bastasse ser conhecida internacionalmente por suas belezas naturais, rica em artesanatos e atrações culturais, além de propícia a um ótimo passeio de bugyy, a praia de Canoa Quebrada (Litoral Leste do Ceará), tem uma atração a mais desde o último sábado (18). É o VI Festival Latino-Americano de Curta-Metragem de Canoa Quebrada, mais conhecido como “Curta Canoa”, que acontece até o dia 25 deste mês.
Mostra Competitiva: Bucaneiro (RJ), de Juliana Milheiro; Cheirosa (MG), de Carlos Segundo; Todos São Francisco (CE), de Nany Oliveira; Garoto Barba (PR), de Christopher Faust; Inverno (RJ), de Mikael Santiago; Ao Meu Pai com Carinho (SP), de Fausto Noro e Reminiscências (PR), de Augusto Canani.
Na categoria filmes: Quando as Cores Somem (SP), de Luciano Largares; Senhoras (DF), de Adriana Vasconcelos; O Som do Tempo (CE), de Petrus Cariry e Amigos Bizarros do Ricardinho (RS), de Augusto Canani.
O evento, que é gratuito, acontece no Polo de Lazer de Canoa Quebrada a partir das 19h, com Cine Jornal, seguido da Mostra Competitiva, às 19h30.
Fonte: Jangadeiro Online
Camocim
Mãe acorrenta filho e faz apelo desesperado
Desde cedo entendi que não se deve ignorar o apelo de uma mãe. Ontem (22) pude constatar mais uma vez isso. O papo aqui nesse blog sempre foi e vai continuar sendo muito aberto, principalmente quando envolver problemas relacionados diretamente com a população, sobretudo a mais carente. Fui procurado por uma mãe camocinense que fez um desabafo digno de ser escutado por centenas de candidatos que sobrevivem graças à renovação de promessas a cada eleição, mais precisamente no que diz respeito à falta de centros de recuperação para dependentes de drogas e portadores de doenças psíquicas. Essa mãe veio até o blog pedir ajuda, dizendo que há cerca de 4 meses decidiu acorrentar seu próprio filho para evitar que ele continue fumando crack e praticando pequenos furtos para manter o vício. Ela pediu que mostrássemos o fato com o objetivo de conseguir uma internação para seu filho.
O jovem tem 24 anos e há dois entrou no mundo das drogas. Como se não bastasse o sofrimento dele e da família, ele sofre de doença psíquica, é surdo e há um ano teve o benefício cortado pelo governo federal, estando no aguardo de uma nova perícia. Paliativamente ele recebe medicamentos do Caps, o que ajuda muito pouco já que o correto seria uma imediata internação, coisa que inexiste na prática, mas que faz parte de 10 entre 10 discursos dos que querem ser eleitos nessa eleição. A matéria será produzida e mostrada inicialmente às autoridades que possam resolver a curto prazo essa situação, que não deve ser única, mas que pode servir de exemplo para que outras pessoas possam, incessantemente, sem desistir jamais, procurar e lutar por direitos que constam apenas nas páginas de uma constituição que foi intitulada de "cidadã", mas que está longe de fazer jus a isso
Fonte: Camocim Online
Croatá
Incêndio na BR-222 prejudica motoristas
Um incêndio no acostamento do Km 46 da BR-222, no Município de Croatá, provocou transtornos e risco de acidentes para os motoristas que trafegavam naquela rodovia. Mas até o início da tarde de ontem, o Corpo de Bombeiros simplesmente não tinha se deslocado para debelar as chamas. Tudo porque nenhum chamado havia sido feito para o Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), mesmo após a comunicação pela reportagem sobre a ocorrência.
E no que depender dos ventos fortes e da grande quantidade de mato seco no local, o incêndio deve avançar ainda mais. Pela grande área consumida pelo fogo e reduzida a cinzas, calcula-se que o fogo vinha queimando há um certo tempo. Além de adentrar na área de mato, o fogo também alcançou a pista, trazendo riscos.
Muitos motoristas se viram obrigados a pegar a contramão para ter melhor visibilidade da estrada. Em alguns momentos, o fogo chegou a invadir a faixa, um sério risco diante do tráfego de veículos mais pesados, como ônibus e caminhões de transporte de materiais inflamáveis.
Questão de ordem
A reportagem entrou em contato com o quartel do Corpo de Bombeiros do Icaraí, unidade mais próxima do local do incêndio. O cabo Mário Barroso se disse surpreso pelo fato de ainda não ter recebido um comunicado sobre a ocorrência. Mesmo tendo sido informado do incêndio, ele disse que só poderia se dirigir ao local caso a ocorrência fosse passada pelo Ciops.
Segundo o assessor de imprensa do Corpo de Bombeiros, capitão Márcio Albert, o fato da instituição ser acionada apenas via Ciops é um procedimento adotado por todas as instituições públicas de segurança. "É uma questão de organização, sempre para priorizar as vidas humanas. Entre um caso de fogo no mato e um outro em que pode haver vítimas em potencial, será dada prioridade para o segundo caso".
Ele afirma que há um major do Corpo de Bombeiros para receber as chamadas e fazer a devida triagem das ocorrências, "da mesma forma que há um oficial de cada instituição para isso, como Polícia Militar, Samu", complementa.
Fonte: Diário do Nordeste
Icapuí
PF apreende barcos
Tiros e confusão romperam, mais uma vez, o silêncio no litoral de Icapuí. Em mais um episódio da Guerra da Lagosta, a ação surpresa da Polícia Federal e da Marinha ocorreu no início da manhã de ontem. Quase 100 homens desembarcaram na Praia de Redonda apreenderam os dois barcos que os pescadores artesanais utilizavam, por conta própria, para a fiscalização contra a pesca predatória, predominante na região.
Houve bate-boca e repressão por parte dos policiais, que jogaram gás lacrimogêneo apesar da presença de mulheres e crianças no grupo. Revoltados, os "redondeiros" da pesca artesanal pedem que a Polícia também "tenha competência" para apreender os equipamentos dos pescadores "ilegais", principal motivo do conflito.
No episódio anterior da Guerra da Lagosta, o Caderno Regional falou sobre a mobilização de comunidades para ajudar Francisco Assis Cruz, o "Assis da Redonda", motorista que teve seu veículo alternativo incendiado por pescadores que defendem a pesca predatória como revide à ação de pescadores da Redonda que haviam apreendido mais um barco ilegal. Não tendo nenhum envolvimento com os dois lados da briga, ser da Redonda foi o pecado a condenar seu Assis.
Ainda era madrugada quando, dezenas de agentes da Marinha e da Polícia Federal, com armas em punho, seguiam na captura das embarcações Monsenhor Diomedes I e II. Os barcos eram a principal "arma" dos redondeiros contra os pescadores ilegais. Era com esses barcos que os pescadores de Redonda faziam a fiscalização contra a pesca ilegal com marambaias e compressores para mergulho. A fiscalização é uma atribuição do Ibama, mas o próprio Instituto reconhece a carência de equipamentos e pessoal para cobrir os mais de 500km de costa.
Ontem era dia de buscar lagosta, e os pescadores artesanais tinham seguido ainda de noite para o mar, antes da operação policial. Com exceção dos poucos pescadores que estavam em terra, a comunidade estava povoada de mulheres e crianças. Quando avistaram as embarcações da Marinha se aproximando, alguns homens tentaram subir nas embarcações Monsenhor Diomedes.
Em terra, dezenas de agentes em cerca de dez carros obrigaram os pescadores a se afastarem do objeto que seria apreendido. Na confusão, houve gritos, e tiros com balas de borracha foram disparados. Para intimidar o início de revolta, os policiais ainda jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo, de efeito moral, mesmo num ambiente tomado de esposas e filhos dos pescadores.
Dois dias antes, na madrugada de sábado para domingo, na ausência de fiscalização do Ibama, os pescadores da Redonda, armados e viajando nas embarcações Monsenhor Diomedes I e II, fizeram a apreensão da embarcação Números, que fazia a pesca predatória, utilizando mergulho com compressor, equipamento proibido pelo Ibama. O barco é de propriedade do pescador Sandro José da Silva. Os tripulantes confessaram ter jogado, assim que avistaram os redondeiros, cerca de 200kg de lagosta no mar, capturados com compressor feito com gás de cozinha. O barco juntou-se a outros dez capturados e encalhados na praia, de um total 13 que já se haviam apreendidos desde que os redondeiros decidiram assumir a fiscalização por conta própria. Os pescadores ilegais, para não terem o risco de serem linchados pela população, foram abandonados na Praia de Peroba, de onde tomaram o rumo da comunidade de Quitéria, vizinha a Tremembé, que juntamente com Barrinha constituem os principais pontos de pesca predatória em Icapuí.
"A Polícia Federal pegou os barcos, mas devia fazer o mesmo com a pesca ilegal, porque as embarcações que eles levaram era o meio do redondeiro combater a pesca predatória que o Estado não consegue exterminar", afirma Maurício Valente, da Associação Comunitária Monsenhor Diomedes, na Praia da Redonda.
Ontem à tarde os pescadores artesanais reuniram-se em assembleia para pedir a devolução dos barcos e mais fiscalização da pesca predatória. Durante toda a manhã de ontem, e até o fechamento desta edição, a reportagem tentou contato com a Polícia Federal, em Fortaleza, pelos telefones do Gabinete da Superintendência e da Assessoria de Comunicação, mas não obteve retorno.
Fonte: Diário do Nordeste